Foto de Jorge Guerrero/AFP - Prato de vidro do século IV com
imagem de Cristo é visto em 7 de outubro de 2014, em exposição no Museu
de Arqueologia de Linares, na Espanha
Um Cristo sem barba, de cabelos curtos e vestindo uma
túnica. Gravada em um prato de vidro do século IV, esta atípica
representação - uma das mais antigas do cristianismo - foi descoberta
por uma equipe de arqueólogos na Espanha.
Durante três anos, os
cientistas foram encontrando pequenos fragmentos de vidro sob as ruínas
de um prédio dedicado ao culto religioso na jazida arqueológica da
antiga cidade ibero-romana de Cástulo, no sul da Espanha.
Mas foi
em julho, quando foram encontrados alguns fragmentos que, "por seu
tamanho e pelos desenhos que continham", permitiram reconhecer que se
tratava de "um documento arqueológico excepcional", explicou à AFP o
chefe do projeto, Marcelo Castro.
Depois de colados, os fragmentos
revelaram o que os especialistas consideram uma pátena, disco destinado
a receber o pão consagrado para a Eucaristia, feita de vidro verde com
22 cm de diâmetro por 4 cm de profundidade, que pôde ser reconstituída
em mais de 80%.
Pintada nele, distingue-se a imagem de três
personagens com auréolas: no centro, um Cristo imberbe, de cabelo curto e
encaracolado, segurando uma grande cruz em uma mão e uma Bíblia aberta
na outra. Ao seu lado, dois apóstolos que poderiam ser Pedro e Paulo.
Mais
que um retrato fiel, trata-se, segundo Castro, de um modelo artístico
arcaico, denominado "alexandrino", próprio de uma etapa remota do
cristianismo que, recém-egresso da clandestinidade, ainda contava com
poucas imagens.
"Este tipo seria abandonado mais adiante na
tradição cristã e daria-se preferência a outras formas de representar
Cristo. Mas ele está presente nos primeiros momentos do cristianismo",
depois de que, graças ao imperador romano Constantino I (306-337), ele
foi legalizado e deixou de ser "uma religião literalmente subterrânea",
acrescentou.
As pátenas eram feitas em vidro e não em metais preciosos, como posteriormente.
Para
estes arqueólogos, que consultaram grandes especialistas em vidro
antigo de Espanha, Itália e Grécia, a peça foi fabricada "em Roma, sem
dúvida, possivelmente em Ostia, onde os especialistas consideram que
ficavam os ateliês de trabalhos em vidro", disse Castro.
Há no
mundo algumas peças similares, como um cálice exibido no Museu do Louvre
e um vidro dourado do Toledo Museum of Art de Ohio, nos Estados Unidos,
explicou.[Fonte: Yahoo Notícias]
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